A violência: um pensar ainda que torto enquanto se pode!
Gilvaldo Quinzeiro
Se hoje colhemos ‘merda’, é porque não plantamos outra
coisa. Simples assim! Mas se engana quem pensar que a saída para tais condições
não seja absolutamente complexa.
Estamos à baixo do umbigo. Cabeças enterradas. Bundas pra
cima. Por isso cada solução pensada para os nossos problemas provoca mais enjoo
do que sensação de alívio.
Mexer com merda pode ser uma tarefa simples. Complexo
mesmo é evitar não sair fedendo. Eis a questão!
Ora, o dito acima nos serve de introdução para um ‘adentrar
pelas portas do fundo’ da nossa realidade. Isto é, para as nossas pretensões de
escrever acerca do nosso tempo poroso, e prenhe de muitas interrogações.
Pois bem, a violência à brasileira é nossa, sim senhor!
Ela é a filha “parida e cuspida” do nosso jeito de apenas passar a mão sobre a cabeça
dos nossos problemas. Ou seja, a violência é a nossa bosta empurrada para
debaixo do tapete.
Sim! Somos hoje reféns
da nossa merda! E não pense que pensar nestas condições seja coisa para quem
tem uma cabeça. Não senhor! São nestas condições que a bunda abunda-se!
Veja as declarações e as soluções apontadas pelos nossos
líderes: tudo merda com açúcar!
Em outras palavras, é preciso uma intervenção quase que
psicanalítica para a questão da violência. Isto é, algo no âmbito do
individual, do sujeito ‘cagante’.
Digo, perdemos no ‘simbólico’ – lugar onde poderíamos diferenciar
a bosta da vaca, da bosta da cabra, conquanto, ambas comam capim.
Veja, dizer que perdemos no ‘simbólico’ é chamar atenção
que no concreto ninguém controla mais seus esfíncteres. É dizer que estamos
ganhando o status de ‘bichos’ quaisquer.
Dizer que perdemos no ‘simbólico’ é afirmar que toda a
sociedade falhou. Ou seja, a Família, a Escola e o Estado.
O ódio e a intolerância são resultados inerentes desta condição.
Para ser mais enfático: perdemos a pele. Ficamos em carne viva!
Portanto, pela ótica dos nossos governantes, tudo pode parecer
tão simples. Tão pequeno, quanto um mosquito. Mas é aqui que começa a nossa cagada:
subestimar a capacidade de multiplicação de um mosquito, por exemplo!
Quantos exércitos
já enviamos às ruas para se combater um mosquito? Quantos exércitos serão
preciso para combater a ‘merda’ que é todos?
Pesado!
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