Ideia de como o “corpo” pode se voltar contra nós mesmos!
Por Gilvaldo Quinzeiro
Quem eu sou, se já não me sinto nem quando me dói o
peito, mas sim, e somente se, quando me abocanho?
Esta frase é, de propósito, para nos fazer fechar a boca,
sobretudo quando a nossa intenção seja no sentido de nos arrancar o próprio
tampo como prova da nossa existência de vida.
Calma! Explico: há certo tempo eu conheci uma jovem, que
vivia lutando contra um pensamento recorrente que era o de arrancar com uma só
mordida o tampo da pele, e comê-lo!
E, vendo hoje como muito jovens estão se automutilando,
resolvi empunhar a "faca" da reflexão, apontando-a para as nossas feridas.
Que dor é essa que não atende pelo seu nome, e sem lugar
definido para que a mão a aplaque? Que
dor é essa que só passa quando se arranca de si o pedaço, que jamais poderemos
repor?
Dói-me em saber que se por um lado chegamos à condição de
meras bolhas de sabão, este é o preço a se pagar por nos alimentarmos de apenas
expectativas; expectativas estas em sua maioria falsas; por outro, somos contraditoriamente
também o espinho a irromper a tênue bolha.
O corpo é
realmente estranho, de sorte que a ideia sobre ele no tocante a estética é tão subjetiva
e tênue que não o impede de, em certa circunstância, ser o que também nos
devora!
Portanto, a luta contra o sofrimento é tão humana, quanto
o próprio ato de sofrer. Quando o corpo avança
contra si mesmo no afã de escapar da dor, é sinal de que também não há nada de
novo neste ato: “é serpente voltando-se para apoderar-se do ‘rabo’.”
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