Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2017

O discurso e as “águas”: as mesmas que se petrificam

Por Gilvaldo Quinzeiro De volta ao rio de Heráclito, isto é, aquele no qual não se pode banhar duas vezes, posto que o rio já não seja o mesmo, eu diria, contemplando o movimento das águas que não se pode interpretar a realidade devidamente, levando em conta apenado o lado de cá ou de lá. Há, pois, que se atravessar o rio por mais perigoso que seja se não quiser ficar preso a uma parcialidade interpretativa. Os discursos de hoje, são como o de dois sujeitos, um de cada lado do rio, portando, surdos e cegos ao discurso do outro. O que estes sujeitos não sabem porem, é que o rio do qual falam, não é o aquoso, mas o que se petrificou em seus discursos. Portanto, a realidade é tão complexa quanto o movimento das águas. Não há, pois, como bem interpretá-la, se não mergulhar fundo: o perigo consiste em exatamente em se afogar!

O “discurso” do sintoma na construção sujeito

O “discurso” do sintoma na construção sujeito Por Gilvaldo Quinzeiro Em que pese os argumentos em contrário, ai dos gregos se as suas tragédias não tivessem sidas metaforizadas, e bem!, diga-se de passagem. O sintoma é linguagem, isto é, um pretenso discurso na construção do sujeito, logo, a dor é lugar de passagem, ponte ou encruzilhada. O mito grego, e todos os mitos, não  é outra coisa, senão uma vaga representação de um sintoma. Portanto, em pele de tambor, toda dor é metáfora. Mas na pele em que o sujeito lhe faz falta, a dor já não  serve mais  para nada,  ou seja, nenhuma lição é tirada: tudo é simplesmente  pele espichada!

A falta de escuta: as nossas feridas!

Por Gilvaldo Quinzeiro Ouvir não é o que nos torna em pé, certamente que não, mas, não saber ouvir de forma alguma, é continuar se arrastando em volta do próprio umbigo. Hoje, não há mais lugar para a escuta. Tudo é invadido pela fala; pela fala sem os devidos pés no chão. Talvez por isso, poucos são os que permanecerão de pé. É esta falta de ‘espelho sonoro’, portanto, o que nos expõe em carne viva. Isto é, doeria menos se soubéssemos escutar, o que hoje tentamos estancar na base do grito.

Ideia de como o “corpo” pode se voltar contra nós mesmos!

Por Gilvaldo Quinzeiro Quem eu sou, se já não me sinto nem quando me dói o peito, mas sim, e somente se, quando me abocanho? Esta frase é, de propósito, para nos fazer fechar a boca, sobretudo quando a nossa intenção seja no sentido de nos arrancar o próprio tampo como prova da nossa existência de vida. Calma! Explico: há certo tempo eu conheci uma jovem, que vivia lutando contra um pensamento recorrente que era o de arrancar com uma só mordida o tampo da pele, e comê-lo! E, vendo hoje como muito jovens estão se automutilando, resolvi empunhar a "faca" da reflexão, apontando-a para as nossas feridas. Que dor é essa que não atende pelo seu nome, e sem lugar definido para que a mão a aplaque?  Que dor é essa que só passa quando se arranca de si o pedaço, que jamais poderemos repor? Dói-me em saber que se por um lado chegamos à condição de meras bolhas de sabão, este é o preço a se pagar por nos alimentarmos de apenas expectativas; expectativas estas e

“Para não dizer que não falei de mãos cheias”!

Por Gilvaldo Quinzeiro Repare bem em suas mãos! Pois saiba que antes da aparição da palavra; do surgimento do cambito, do machado, da enxada, da escavadeira, as mãos foram, sozinhas, tudo isso, e muito mais –elas não só salvaram a nossa pele, como nos ajudaram a desenvolver o cérebro! O mesmo cérebro que, diante das conquistas da neurociência e outras que tais, ignora a importância de não se esquecer do uso  das mãos! Portanto, antes de erguer a sua cabeça aos céus em agradecimentos pelas suas fartas conquistas, faça uma súplica às suas mãos no sentido de que estas nunca lhe abandone, pois, neste tempo de “retorno às cavernas”, em que pese o feito de todas as ciências, serão as nossas mãos as únicas ferramentas a trabalharem em um novo recomeço.

Cuidado!

Por Gilvaldo Quinzeiro Assim como geramos uma onda ao soprarmos o café dentro de uma xícara na intenção de esfriá-lo, poderemos também ser arrastados para as mais devastadoras das tempestades, se não prestarmos a devida atenção no gesto, que acabamos de lançar agora; gesto esse carregado de energia, ou seja, cheio de nós mesmos! Em outras palavras, o que há lá fora com suas tempestades, pode ser o resultado do sopro que acabamos de lançar agora, assim como neste instante em que esfriamos o café. No momento atual, há muitas tempestades sendo formadas em apenas “um copo d’água”. Um pequeno gesto pode nos lançar a uma devastadora tragédia – tal é a complexidade dos engenhos do nosso tempo! As coisas parecem se agigantarem: nada detém uma onda por mais minúscula que seja. Tudo se amplifica! Por isso há a necessidade de prestarmos atenção aos nossos gestos por mais simples que sejam.  “Prestar atenção em nossos gestos, por exemplo, se evitaria jogar o bebê junto com