A repetição. O retorno da coisa outra.
Por Gilvaldo Quinzeiro
O universo tem infinitas ‘portas’. A uma delas podemos
estar retornando neste exato momento. Quão bom seria se tivéssemos em nossa sã consciência
e inteiros ao atravessarmos a cada uma delas!
Apesar de que possamos dispor de inúmeras ferramentas,
somos como aranhas a tecer repetidamente suas teias.
Em outras palavras, estamos diante da questão do ‘retorno
e da repetição’. Se para a aranha o seu retorno seria a sua teia, aos homens
seria a caverna?
Uma possível guerra nuclear poderá enfim, confirmar este
retorno da ‘aranha’ a sua teia, no caso dos homens, a escuridão das cavernas.
O dito aqui nos faz pensar na necessidade recorrente dos
homens do retorno ao ‘útero’, ainda que isso implique em bloquear o próprio caminho
– se colocar como pedra sobre si mesmo!
É neste contexto que a ‘pulsão de morte’ pode ser
interpretada. Ou seja, a morte, em que pese o paradoxo, utiliza-se para o seu
propósito, um ‘sopro’ de vida que seja.
É claro que esta questão aqui levantada, exige que a consciência
se debruce sobre si mesma.
O Inconsciente é o território a ser explorado, pois, é
aqui que reside o ‘pulo’ da aranha.
Por falar em Inconsciente, Freud já nos falava do retorno
do recalcado. Sim, de fato, as nossas trancas não são suficientemente
resistentes para aquilo que “enterramos” em nós. Um dia, estas coisas sem nome,
sem cheiro e sem aparência definida, nos reaparecem, e assim sendo, nos pegam de
calças curtas, ou até mesmo, sem mãos para tampar aquilo!
Eis a complexidade da natureza humana.
Como sabemos em
psicanálise, aquilo que não nos lembramos, repetimos. Eis a face daquilo que
tanto ocultamos em nossa frente!
Se repararmos bem, entre os passos que acreditamos estar
dando numa nova estrada, são esforços repetidos.
O sol, ao menos sob a nossa ótica, se repete todos os
dias!
O espelho, por mais assustador que seja, e nos despedace,
é uma repetição!
Os amores, por mais sofridos, estão a repetir o que deles
demos por esquecidos.
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