Os símbolos, as bolhas e as lutas dos tempos atuais.


Por Gilvaldo Quinzeiro


Quando uma geração no afã de se manter de pé diante da realidade, que lhe abocanha, resolve enfim, partir com a fome dos lobos na intenção de destruir os símbolos tão arduamente erguidos por gerações outras, é porque duas coisas fundantes poderão estar acontecendo, quais sejam, ou esta dita geração fincou de vez seus pés no chão se sentindo completamente segura de si, ou, por motivos outros, resolveu criar uma realidade constituída de bolhas; bolhas estas nas quais se insiste em se agarrar!

Do dito acima, talvez a segunda opção, ou seja, da realidade constituída de bolhas, é a mais que se aproximaria de uma descrição acerca da realidade atual. E por isso mesmo, é aqui que reside o perigo!

Em outras palavras, os cheiros, os clamores, as bordas e as pontes, que constituem o quadro atual dos nossos dias são de fatos outros.

Pois bem, quando a realidade assim nos apresenta, ou seja, sem que a possamos mensurar, ‘palavrisar’, então, eis que para o nosso conforto criamos os mitos, os símbolos e seus atalhos.

Todavia, ver  ícones de uma geração como o compositor Chico Buarque, o educador Paulo Freire e outros que tais, sendo tão barbaramente destruídos, me faz pensar nas cenas também bárbaras cometidas pelo grupo jihadista “Estado Islâmico” ocorrido há pouco tempo na cidade de Palmira, na Síria.

Estamos nós também diante dos nossos “jihadistas” - aqueles criados nos ambientes obscuros dos nossos templos e catedrais?

O que querem afinal aqueles que se insurgem contra a boa música de Chico Buarque e contra o saber e o fazer pedagógico de Paula Freire?

Querem estes  acorrentar aqueles que lhes são diferentes? Querem estes ‘ajumentar’ aqueles que por motivos outros, venham lhes servir de burros de cargas?

Na verdade, sejam quais forem às respostas, os motivos e as ações estaremos diante de nós mesmos, ou seja, diante da velha humanidade:  sempre ‘grávida’ do porvir!


Por fim, quisera que ao contrário de ‘inflados’, estivéssemos ‘grávidos’, pois, toda a dor e esforço, enfim, valeriam a pena: alguma coisa por mais estranha que fosse se pariria! 

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