Aos amantes! – Ah esses moços!
Por Gilvaldo Quinzeiro
Há coisas que só com o tempo aprendemos. E como tal os
arrependimentos tardios ou as certezas cedo demais!
Os amores e os amantes são as provas de que tudo é
passageiro , e o que ‘não vivido’, vive em nós para sempre!
O que é melhor, afinal, não viver um grande amor, e ter
uma vida inteira para dele se refazer ou viver intensamente um amor realmente
possível, e continuar inteiro em sã consciência de que se fez o melhor?
Ah! Os amores não vividos!
O ‘não vivido’, vive em nós para sempre; não como o ‘não vivido’, mas como o que vive em nós a espera de ser vivido!
O amor é, pois, desses ‘engenhos’, nos quais, alguns escravos
se acorrentam pelo resto de suas vidas a
uma mera metáfora!! Quisera que não fosse assim!
Quisera que os novos amantes soubessem a importância das
frases ditas com paixão, olho no olho!
Mas ... Ah esses moços que nunca desgrudam seus olhos de
outras coisas, tão alheias, quanto feias às questões do amor!
Ah esses amantes, sempre tão ‘jovens’, e por isso mesmo
sem a consciência do ‘rio’, que passa em suas vidas sem ao menos banhar uma vez sequer!...
Esses moços, pobres
moços
Ah! Se soubessem o
que eu sei
Não amavam, não
passavam
Aquilo que já passei
Por meu olhos, por
meus sonhos
Por meu sangue, tudo
enfim
É que peço
A esses moços
Que acreditem em mim
Se eles julgam que há
um lindo futuro
Só o amor nesta vida
conduz
Saibam que deixam o
céu por ser escuro
E vão ao inferno à
procura de luz
Eu também tive nos
meus belos dias
Essa mania e muito me
custou
Pois só as mágoas que
trago hoje em dia
E estas rugas o amor
me deixou
Esses moços, pobres
moços
Ah! Se soubessem o
que eu sei
Não amavam, não
passavam
Aquilo que já passei
Por meu olhos, por
meus sonhos
Por meu sangue ,tudo
enfim
É que peço
A esses moços
Que acreditem em mim
Lupicínio Rodrigues
(1914-1974)
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