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Mostrando postagens de outubro, 2015

Com a ‘morte’ não se brinca: e com a vida?

Por Gilvaldo Quinzeiro Na morte não há motivo para se preocupar com o controle dos esfíncteres. Ao menos nisso a morte se presta. Ou seja, com a morte se atualiza um velho discurso: o silêncio! O dito acima prova que desperdiçamos toda uma vida em gestos tardios no afã de plantar pesadas imagens sobre nós mesmos! E aí de repente, sem aviso prévio, vem a morte ‘desenterrando’ tudo.  Afinal o que somos? Ora, não é de hoje que o homem lhe faz esta pergunta. Do índio na sua remota tribo aos papas e filósofos, todos se perguntaram. Em cada época e a cada modo, uma resposta. Hoje com as novas descobertas, sobretudo no campo da astronomia, a questão sobre o que somos ou de onde viemos nos ‘aproxima’ mais dos egípcios antigos(?).  Em breve saberemos enfim, da importância de mumificar o corpo? Em falando sobre o corpo, como negar que hoje estes são ‘velados’ ainda vivos por guardiãs em forma de tatuagem? Que tipo de ‘templo’ se tornou o corpo? Quem ainda o habita?

Para “os Alexandres”, O Grande de hoje: Elogio da Loucura!

Por Gilvaldo Quinzeiro Aristóteles, penso, falhou ao ensinar Alexandre, O Grande, apenas a conquistar o mundo, sem levar em conta ‘o choro’ de uma criança esquecida. Resultado: Alexandre nunca conquistou a si mesmo! O mundo atual está cheio de Alexandre, O Grande! A reação ‘histérica’ de muitos jovens no último ENEM ao se depararem com os portões fechados, me chamou atenção. Aristóteles, certamente reveria seus ensinamentos. Do que adianta ensinar só o conteúdo, e nada falar sobre o controle dos próprios esfíncteres? O bombardeio constante das mídias sobre o tema ENEM – a mesma mídia a qual os jovens estão ‘presos’ – expõe desnecessariamente os jovens a uma guerra de nervos. Muitos não conseguiram sair diante dos ‘espelhos’! Baroom! Baruuum! Portanto, a metafísica de Aristóteles, aquela que estuda “o ser enquanto ser”, precisa substancialmente se materializar em ações nos dias atuais. “Os Alexandres” de hoje estão se desmanchando facilmente! Por fim,

Nas 'asas' da ansiedade

Por Gilvaldo Quinzeiro No tempo em que as cartas viajavam em lombo de burro por estradas íngremes e pedregosas, as mensagens contidas nelas em que pese os seus longos dias de viagem, eram recebidas como atuais. O esperar por mensagens era o gesto único! Mensagens estas que, às vezes chegavam da mais inusitada forma, como, por exemplo, no ‘cantar’ de um pássaro! Imagine o tempo que se levava para se decidir escrever uma carta de amor com o pedido de casamento, até, enfim, o retorno desta, em forma de resposta!  Imagine o tímido apressado em tomar decisões! Hoje, a mensagem chega pela mesma boca: a mesma boca que, de tão apressada, se esquece de cumprimentar a quem se destina a esperada mensagem! ... E se de repente, o homem tivesse asas? Ora, e já não as temos - as ‘asas’ da ansiedade? Em outras palavras, diante da ansiedade, que nos arremete pelo para-brisa, a rapidez dos automóveis, por exemplo, nos faz andar a passos de tartarugas. Veja que paradoxo! Po

O dia a dia das nossas conversas

Por Gilvaldo Quinzeiro O ‘nu’ das conversas também perdeu o encanto dos olhares, bem como a gentiliza do “olá, como vai”?; do “abanque-se que já vou lhe servir o café”.   De repente, tudo se tornou mecânico ou blindado. O olhar está vidrado em outras coisas, e as mãos de tão ocupadas, nem nos damos conta de que as usamos nos cumprimentos.    O sorriso, por exemplo, que é considerado, o idioma universal, perdeu a espontaneidade: tudo depende das circunstâncias de que se está ou não sendo filmado! A  competitividade  torna as pessoas arrogantes, duras e esticadas como arame farpados. Todos passam a falar em celeridade ou celebridade, mas sem saber ao certo o seu significado ou o seu custo. Em virtude disso, faz-se um uso recorrente de ‘máscaras’. Máscaras, estas, que, com o passar do tempo se torna rígidas: parte indelével do caráter. Por fim, pelo tom da conversa há também sinais de tempestades. Bom café da manhã!

Urubu do homem orgulhoso!

Por Gilvaldo Quinzeiro O urubu ainda que gordo, nem imagina o que seja a carniça. O homem em que pese, o seu pensar, não mensura o que seja imaginar-se magro das coisas que julga lhe pertencer. Levando em conta o dito acima, podemos enfim, encontrar um ponto comum entre o urubu e o homem: ambos são de carne, que também apodrece, porém, com uma gigantesca diferença – só o urubu não morre de orgulho! Falando em orgulho, viva o humor cearense! Este sim, nos ergue para além da ‘seca de homens’. A propósito, neste momento, eu estou a ouvir Chico Anísio – o mestre do humor elevado! Mas, voltando a falar do urubu e o homem. Só a morte desse último é, para o bem de todos, um vexame! A morte do urubu, coitado, quem teve a preocupação de lhe cavar uma sepultura? E olhe que o urubu enquanto vivo, mete o bico em tudo aquilo que leva homem a pôr às mãos no nariz! E o homem ó! Vira e mexe, faz um regime – as mulheres então – nem respiram!

Uma cuspida no prato: quem perceberia?

Por Gilvaldo Quinzeiro Sábado à noite numa pizzaria. Enquanto os pais trocam mensagens pelo celular para escolher o cardápio, os filhos conversam simultaneamente com dezenas de amigos em várias partes do mundo, também, no celular. Neste ínterim, ninguém notou o garçom, nem quem teria ‘cuspido’ no prato(...). Bem, se fôssemos dar sequência a esta história, constataríamos que a parte de maior desconforto para esta família, seria exatamente, a hora de se servirem. Por que?  - Tamanha seria dificuldade de se concentrarem na comida! Por outro lado, se eu fosse aquele garçom, daria a seguinte dica para a família, quanto a escolha do cardápio: coma de tudo, exceto peixe! Falando em peixe, a seca é gritante. Os sapos são só silêncio. As onças às espreitas. E todos os olhos ocupados: com a própria mão! Por fim, como diria velho Geraldinho Nogueira em seus Causos Caipiras, “a maçaroca” está solta. E mundo veio trepado na própria    “cacunda”.

O poeta, o mundo e o poço

                  Por Gilvaldo Quinzeiro A sociedade jaz sob os escombros das utopias. A barbárie, uma velha face humana que, aliás, nunca desapareceu, e que usa sempre uma maquiagem discursiva, ressurge vertiginosamente alimentando-se não só do medo, mas de toda a carne viva disponível. Lá mais embaixo, o corpo que se despenca... O poço é fundo, e não adianta cordas, tatuagens ou pichações – não há, pois, conteúdo só a caverna disforme. Eis o mundo nu e cru sem a intermediação da poesia! O poeta é um tecelão, um costurador de vazios e um amaciador de feridas. O poeta é um ferreiro a fazer da poesia, estrada e trincheira... Ai do mundo sem os poetas!  Ai do mundo apenas em carne viva! O poeta é nas horas mais agudas, a pele do mundo! Viva todos os poetas!

A 'ereção' em tempo de crise

Por Gilvaldo Quinzeiro Em que pese o melô do “soca- soca”, algumas muriçocas permanecem muito magras. Sinal de que os tempos são de crises, inclusive no que tange ao meio musical, notadamente ao processo de composição – os pernilongos parecem mais inspirados e inspiradores!    Na política, então, nada que nos desperte uma ‘ereção’: tudo anda vergonhosamente mole e escorregadio, como diria os mais velhos, “feito lama de jirau”. Uma crise que não é de hoje, mas desde que a ‘masturbação política’ passou a substituir uma pauta que contemple os reais interesse da Nação. Por outro lado, em que pese o cenário desolador, o que tem de ‘menino’ acreditando que vai se dar bem nas próximas eleições, só se encontra escrito em ‘literatura de banheiro’! Interessante esta coisa da ‘literatura de banheiro’! É aqui que as minhocas sobem as paredes, e ‘aquilo’ ganha nome em letras garrafais. Ó! A crise é aguda! A oposição em trajes transparentes insinua uma ‘dança do vent

Sexo hoje: tá na cara!

Por Gilvaldo Quinzeiro A sexualidade infantil é um dos temas mais controvertidos. Por ele, Freud quase perde todos os seus cabelos, porém, segurou as rédeas do seu ponto de vista até o fim. O interessante é como Freud chegou as suas conclusões a respeito desse assunto, isto é, da sexualidade infantil: estudando a sexualidade dos adultos. Hoje, diante de tanta gente ‘adulta’ disposta a ficar nua de qualquer jeito no afã de exibir o que supostamente acredita ter como “mais bonito”, não diante dos dedos apontados para si, mas, dos olhos distantes do outro, que   veem tudo através de um aparelho de celular e outros que tais – me pego de “calças curtas” desejoso de também falar desta temática. Para começar, eu falo em ‘deslocamento da genitália’ – para os olhos, e por conseguinte do ‘gozo’ – a escopofilia! Ou seja, Freud não só tinha razão ao defender tal tese, como, se vivo estivesse de olhos abertos estaria gozando por ver a confirmação de seus postulados bem na cara da

Uma palavra aos esquartejados

Por Gilvaldo Quinzeiro A palavra é como um feto, e como tal, é um sinal, mas que nem sempre pode revelar tudo por si mesmo - um cajá ou um jacá? A resposta, vai depender de que lado fica a barriga de cada coisa! Uma palavra dita, é sempre parto de alguma coisa. Disso não tenhamos dúvida. Seja daquelas coisas que nos abundam, seja da bunda daquelas coisas. O dia de hoje, bem que merecia, uma ‘mãozinha’!  Uma ‘mãozinha’ -  para quem já anda esquartejado -  valeria mais do que quaisquer palavras, sobretudo aquelas que são ditas como velhos clichês. Mas que dia mesmo é hoje? Em Angola é o dia nacional para se “ lavar as mãos”. Aqui no Brasil, o Dia dos Professores! Bem, em relação aos professores, o Brasil sempre “lavou as mãos”. Por isso, aqui se instalou uma verdadeira usina de políticos de mãos sujas; mãos estas que aos poucos estão sendo amputadas. Se apressarmos mais, o Brasil, enfim, se verá livre também de todas as suas  sujas cabeças! Voltando a falar

Do Dia das Crianças, aos dos homens: cuidado com os presentes!

Por Gilvaldo Quinzeiro Podemos ser uma mentira? Sim, o homem de agora com todo os seus atributos de ‘homem’, pode ser uma mentira. Isto é, o homem pode não passar de um mero ‘arranjo’ da sua época ao pensar a respeito de si mesmo. Júlio Cesar, por exemplo, foi um protótipo de homem; um ‘espelho’ para os homens romanos e de todo o mundo, logo, ‘bárbaro’ era quem fosse cego a este espelho. E como se abriam os olhos desses ‘bárbaros’? -  Simples, na ponta das lanças! Ora, hoje não só nos na falta ‘espelho’, como por consequência, ficamos cegos. De sorte que não por coincidência a palavra mais usadas nos últimos dias para qualificar as nossas ações é a ‘barbaridade’. Se repararmos bem aos acontecimentos atuais do mundo, vamos constatar que, não são somente os olhos que estão sendo arrancados, mas muitas ‘cabeças’ também. A questão é: quem são “os Júlio Césares” de hoje? Ou a quem se destinam as cabeças sem seus pescoços? A guerra em curso na Síria, sobretudo em r

O pescador de desertos

Por Gilvaldo Quinzeiro Os desertos são ‘peixes vivos’. Sua existência é a   prova de que se é possível inverter a sede, e se tornar   pescador de si mesmo! Pescar os desertos é se afundar em si mesmo – coisa rara entre os homens contemporâneos – tão rasos e tão secos! Por mais paradoxal que seja, os desertos são lugares acolhedores. Os grandes mestres, como Jesus Cristos, Buda e outros foram aqui acolhidos, quando os mares da vida lhes tornaram barulhentos e enfadonhos.   Uma travessia pelos desertos por mais curta que seja, é uma experiência enriquecedora e transformadora -, é se colocar diante de outros espelhos! Isso significa ficar frente a frente com o nosso ‘diabo’ interior: a prova de que somos pescadores de nós mesmos! Os desertos são ‘peixes vivos’. Os nossos também. Pescar aqui é se fazer de iscas para os próprios vazios... Bem-aventurado seja o homem pescador dos seus desertos! Bom domingo a todos!

O gado

Por Gilvaldo Quinzeiro O existir nos faz ‘gado’ do nosso destino. Um ‘gado’ que, quando com sede foge a galope rumo aos desertos escaldantes! De sorte que, ora somos o cavalo, ora somo o vaqueiro. Mas a pressa em tomar o gado para si, nos terá feito apenas de esporas.  Nestas circunstâncias, porém, se repararmos bem, é quando já estamos com as vísceras expostas. Portanto, já não há nada a ser e muito menos a fazer. O ‘gado’ que somos não é de todo tangível.

Os sentimentos: água ou vinho?

Por Gilvaldo Quinzeiro O sentimento é liquido, daí dependendo das mãos que o operam, está sujeito a se transformar em ‘água ou em vinho’. O amor e o ódio pertencem ao mesmo vaso. Às vezes, um está na superfície, e o outro no fundo – a qualquer leve sacudida ambos se misturam – e o vaso se quebra. Ora, um bom conhecimento de alquimia não fará mal a ninguém! Cuidar das mãos e da própria boca são medidas profiláticas indispensáveis para salvar o pobre coração! Um bom domingo a todos!

O patológico e a política

Por Gilvaldo Quinzeiro Brasil. À esquerda dos acontecimentos, uma crise que cai como uma mosca na sopa dos mais à direita. Nada que nos indica uma metamorfose, mas apenas uma enfiada de dedo ‘naquilo’! Para usar uma expressão meio saudosista: tempos de “porras loucas”, estes que se escancaram! Não há ninguém à altura dos sofistas – há uma crise até mesmo de retórica -, todos não passam de sapos acocorados! Antes vermelho, vemos hoje um PT anêmico – uma palidez só comparada à do Jeca Tatu. Que Monteiro Lobato me perdoe! No outro extremo, aproveitando-se da posição ‘esquizo- paranoide’ petista, usando uma expressão de Melanie Klein, os mais à direita querem tirar onda de Pinel – aquele que foi pioneiro no tratamento da loucura. Quem se lembra? Há pouco tempo a tortura era usado como tratamento de choque contra aqueles que apenas sonhavam e nada mais! Sonhar parece pouco, mas viver em estado permanente de pesadelo é o bicho. O que esperar de uma geraçã

O corte de facão: a arte!

Por Gilvaldo Quinzeiro A arte é um corte incisivo na realidade bruta. Picasso soube como ninguém picotar a realidade concreta – aquela que fora desenhada com tiros de canhões –, tempos de guerras, aqueles! Mas foi Raimundo Soldado quem cortou os pulsos de todos os estilos, antecipando a queda do ‘Muro de Berlin” cultural. De lá para cá, o mundo não foi mais o mesmo! A arte pica! Disso Picasso sabia, e muito bem! Caxias vive uma espécie de ‘renascimento cultural’, graças aos pulsos firmes dos seus artistas. Um bom exemplo, Carvalho Junior. O Sarau na Pele da Palavra, dá ‘sangue’ a nossa vida cultura! A arte e a religião sãos filhas do mesmo útero: o sacrifício. Fico então com a primeira. A segunda, não moldaria minha alma. Temos sempre que estar com o cutelo na mão! Afinal, a arte é uma espécie de trincheira, logo, não pode ser tão abstrata! Picasso não picotou Guerrnica, mas o horror guerra!