Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2015

"Nervos de Aço", e as minhas confissões!

Imagem
Lupicínio Rodrigues Por Gilvaldo Quinzeiro     Se soubéssemos aprender com a dor das nossas perdas e decepções amorosas, assim como o fez Lupicínio Rodrigues, certamente as nossas vidas seriam ao menos, mais musicais. E àquelas pessoas que nos deixaram, ao invés de ficarmos alimentando rancores que nunca se digerem, seríamos gratos a elas por nos ter proporcionados momentos tão únicos e inspiradores! Lupi, como Lupicínio Rodrigues (1914-1974) era carinhosamente conhecido, foi este homem, negro, pobre, compositor e cantor gaúcho, boêmio, sobretudo, que não só sobreviveu de pé as suas inúmeras decepções amorosas, como de fato, as tirou de letras, compondo as mais belas canções do nosso cancioneiro, tais como Nervos de Aço, Felicidade, Loucura, Esses Moços, entre outras. O ato de compor, era para Lupicínio Rodrigues, usando um termo psicanalítico, uma espécie de “catarse” – o expurgar das suas dores e decepções! Ora, isso significa, nada mais e nada menos, ir lá no

O homem e a serpente: qual o final desta história?

Por Gilvaldo Quinzeiro   Sorrateiramente, as serpentes já estão por aqui desde a “criação do paraíso”. E foi só então depois da sua intervenção que Adão e Eva se deram conta de que estavam nus. Então viva os olhos da serpente ou a nudez de Adão e Eva? Para cada mundo que serpenteia nos desertos, há um outro peçonhento debaixo da areia. Um passo fora da trilha: um bote certeiro lhe arranca a cabeça - Adolfo Hitler já estava sem a sua, quando pensou que todo mundo seria seu! Matar-se com um “tiro” lhe fez parecer mais peçonhento? Que tipo de serpente é o homem? Ninguém como as serpentes esperam pacientemente pelo futuro. Mas para isso, estas, as serpentes, sabem se colocar no seu devido lugar! Apressadas, suas presas não se dão conta disso. E ai lá numa passagem qualquer estará a serpente! ...   E quanto aos homens? O presente já não lhes arrastam precocemente para o futuro? Que futuro? Afinal, neste tempo todo de encontro e desencontro, o que os homens aprenderam

O ato da fala: abunda-sem quem?

Por Gilvaldo Quinzeiro   O ‘espinhaço’ da palavra é a audição. Quem escuta mais do que fala, não só se firma mais em pé, como é capaz de também sobreviver as enchentes dos discursos! O ato da fala é sequenciado concomitantemente pelo arremesso do sujeito falante, logo, falar é se lançar para o lado de fora da ‘janela’ – não há, pois, ouvido por mais aguçado que seja, que amenize a queda do sujeito falante! Ouvir é antes de tudo, contemplar titubeios e quedas! Não é à toa que os maiores impérios, a exemplo do dos Persas, que permaneceu por muito tempo de pé, graças à atenção especial que dava a ‘escuta’ da fala dos seus subordinados! Citando um exemplo ao contrário, será este um dos motivos pelos quais o Brasil nunca se manteve de pé – está sempre “de quatro”? Por fim, no ‘coração’ de toda conversa há feridas: aplacá-las com as próprias mãos, poderá poupar um grito de dor!  

Brasil: para quem se oferece? Eis a questão!

Por Gilvaldo Quinzeiro   Monarquistas? Militaristas?   Direitistas? Esquerdistas? Quem reúnem credencias no atual quadro de crise econômica e política para assumir os destinos do Brasil? – estas questões têm sido alimentadas nos últimos dias. Nos últimos 193 anos da história do Brasil, todos estes grupos acima citados, estiveram de uma forma ou de outra no comando do governo brasileiro. Qual destes foi melhor do que o outro e para quem? Bem, se formos “dar a Cesar o que for de Cesar e a Deus o que for de Deus”, eu levanto uma voz aqui a favor dos índios. Estes sim, são os verdadeiros donos do Brasil, e os únicos isentos de todas as acusações de corrupção ou do desmantelamento do Brasil!   Se a crise brasileira nos remetem ao estudo da genealogia das coisas, então, vamos defender, assim como Gonçalves Dias, a “pureza” dos nossos índios que, hoje, como no passado são tão massacrados por todas as políticas governamentais desde 1500. Veja, a que po

Êxtase e exaltação a arte!

Imagem
Por Gilvaldo Quinzeiro     A dor e o gozo não são do âmbito das palavras (ainda bem!), mas do contorcer-se em vozes guturais. Graças a isso, homem algum exerce controle – quem mais se aproxima dos seus espectros – é a mão da arte! A mão de Bernini (1598-1680), escultor italiano em o “Êxtase de Santa Teresa”, é um exemplo de como a arte nos aproxima da alma humana na condição de tradutora de recados, que, de outro modo, jamais seriam decifrados! Que expressão é aquela de Santa Teresa, senão a de um “gozo” sem fim! Mas gozo de quem?   De Bernini ao se colocar no lugar da santa ou do anjo que transpassa Santa Teresa com uma flecha? Quem foi Santa Teresa – a que Bernini nos revela em sua magistral obra ou a que se fecha em seus mistérios? Uma palavra: a arte em si é um gozo! Não praticar arte alguma é ser possuído por todas as dores! O “gozo” de Santa Teresa, ainda que pelas mãos de Bernini é simplesmente contagiante! O mesmo Bernini que quase se “enterra vivo” d

Em nosso tempo: fartura de profecias ou escassez de seus profetas?

Por Gilvaldo Quinzeiro   O balde e o fundo do poço. Em se olhando o mundo todo estampado, percebe-se que há muito mais cordas e pontas compridas, mas nó, nenhum! Não sabendo os homens, da serventia de um “cambito”, sobretudo nas horas em que a sede aperta! As vezes o ir lá no fundo do poço não é para pegar água, mas para tão somente retirar com toda a pressa possível a lama, que impede a água de brotar! ... Por outro lado, uma simples observação dos passos de uma formiga, pode nos dar pistas interessante a respeito de onde encontrar    água mais rasa! Em outras palavras, faz-se necessário, tanto quanto encontrar água para se beber, se fazer leituras e interpretações balizadas sobre as condições do nosso tempo - coisa que a nossa pressa e o estilo de vida nos impedem de fazer! O dito aqui, não quer dizer que devamos dar ouvidos a todas as profecias, mas um mundo sem seus “profetas” é bem mais assustador! Precisamos pois, retroceder ao tempo das portas amarradas

Pensando em Nietzsche, eu mito sempre! E o Brasil?

Por Gilvaldo Quinzeiro   “Uma Roma”, um poderoso César a ser obedecido cegamente pelos seus exércitos – isso para a História é como sangue para os vampiros. Ou seja, é unir o útil ao agradável, é portanto, inerente a locomotiva do tempo, logo, o troar das tropas estará sempre audível.   Porém, uma Cleópatra enrolada num tapete se dando de presente, é improvável que volte a acontecer! “Um Egito” não se conquista sem que seu conquistador não se renda aos seus ocultos mistérios! O fato de estarmos hoje diante de tantas “múmias ou zumbis” assumindo a condição de protagonistas, é porque assim como a Lua, a História possui a sua outra face obscura – aquela que a nossa racionalidade não alcança. Parafraseando o filósofo Friedrich Wilhelm Nietzsche, eu digo que “nós não somos regidos só por Apolo, o deus grego da razão.   Precisamos nos dar conta de que Dionisio também faz residência em nós”. Portanto, a roda da História à medida que   gira rumo ao “progresso”, esfola e esm

O pensar sobre " a boa" educação, mas sem "o fazer": basta?

Por Gilvaldo Quinzeiro   Que estamos todos “grávidos” por uma educação melhor, isso está mais do que claro, pois constitui as nossas dores e contrações. Parir, é que outra coisa! Quem se arriscará partir-se ao meio? Quem derramará seu sangue por uma coisa nova e duvidosa? Quem? Quem? Pois bem, o pensar lá em cima sem os pés fincados no chão, quando verbalizado é só “blábláblá”. O fazer, por mais incipiente que seja, nos faz erguer a cabeça. A realidade nos impõe condições que só teorizar não ajuda em nada! Graças a estas condições, isto é, as impostas pela realidade, e sobretudo, as suas lições, é que ficamos sabendo da cor do “sangue” que, de outro modo, não aprenderíamos! A realidade é mãe de toda os contextos, o atuar sobre eles é a parteira de todos os pensamentos, ainda que tortos! A maior de todas as crises, não é a que nos impede de pensar, mas aquela que nos imobiliza e nos faz sentar sobre a própria m... A educação é antes de mais nada, gestos concretos. E

Enfim a metafísica

Por Gilvaldo Quinzeiro   A vida é um mergulho sem volta para dentro de si mesmo. O universo segue de lado, como um “penico” debaixo da cama: um vacilo aqui, pronto, entraremos em queda livre para sempre!   O lá embaixo é o sem fim em matéria-prima! ... Por falar em matéria-prima, o amor e o ódio são “barros molhados” com os quais criamos as nossas máscaras, e, a exemplo dos gregos, encenamos as nossas tragédias ou comédias no palco da vida. Amar, a despeito do ódio já amassado em nós, é recriar-se do mais gigantesco sopro – é ir fundo no fundo de si!   Sermos o artesão, que mete a mão na massa com a qual se faz e se fere a própria face – é o mínimo que se pode espera de cada um de nós neste arriscar-se sem fim.   Por fim, uma breve observação, ainda em tempo: “o barro molhado” dependendo de como se amassa, poderá resultar-se em lama ou argila endurecida, por isso, uma pitada de amor próprio é a única saída por onde haveremos de respirar! Boa tarde, a todos!  

Psicanaliticamente falando, o meu pai é "o cara"!

Por Gilvaldo Quinzeiro   Se ao pai fosse dado a condição de pássaro; depois que os seu filhotes “ganhassem asas”, quem retornaria ao ninho por sua causa? Ainda bem que o Dia de hoje se reporta ao Pai na condição de homem! Porém, é preciso que se diga que, ser homem apenas, não é ter atributo de pai, posto que, a figura do Pai se constitui na principal “trinca” do processo civilizatório. Partindo de uma premissa de cunho psicanalítico, afirmamos que, a mãe é Mulher e muito “íntima” dos filhos, de sorte que, se o pai fosse visto pela sua prole apenas como um homem qualquer – a confusão estaria feita e para sempre! Portanto, como diria Lacan, a presença do pai, é simbólica. Eu acrescento:   a presença do pai é metafórica, mas, cortante -   sem a qual, a “mão” do filho jamais permaneceria no lugar onde “imaginamos” que deva estar! Ora, o dito acima teve um propósito inicial, qual seja, o de nos chamar atenção para o seguinte:   ser Pai não é fácil, pelo contrário, é quase

O circo e os ciclos da História: quem somos nós neste picadeiro?

Por Gilvaldo Quinzeiro   Na História do homem, seja em seu aspecto político ou econômico, “o mais adiante" nos espera com sua boca escancarada.   Se o contexto atual é de total afazia, logo, toda a palavra também estará muda, para, mais tarde reaparecer “gravida” de um novo discurso. Por falar na História do homem, ontem eu recebi de presente o livro “Auto da Devassa de 1741 na Freguesia de N.S. da Conceição e São José das Aldeias Altas”, das mãos do seu autor, o historiador Eulálio Leandro. Bela visita e belo presente! Ainda no dia de ontem, enquanto eu fazia minha habitual caminhada vespertina, fui acompanhado por um jovem, que começou a me perguntar ou a fazer considerações sobre o tempo presente; mais especificamente, no tocante ao atual contexto econômico e político do Brasil. Confesso que nunca me senti tão mudo diante de tantos questionamentos! Ganhei a tarde ficando grávido do meu próprio silêncio! “Na História há o que se “repeti” como fatos ou padrões”?

Diário de um cavalo

Por Gilvaldo Quinzeiro     Ser forte, não significa ser livre. Ser livre não significa ter pés blindados a quaisquer terrenos. Os caminhos quanto mais pedregoso, mais lenta fica a marcha e, quanto às esporas, estas nunca cessam – seguem caminhos a dentro! Uma vez por outra, as veredas se estendem como se fossem caminhos! As esporas em mim fazem ninho!   Chicote faz zum-zum!   A passagem se estreita a medida que a carga passa por entre duas estacas. Entre a cangalha e a sela para quem marcha sob ambas, a diferença é tão curta, quanto uma calça sobre a canela. A velhice para um cavalo é igual à de todos os velhos, ou seja, todos os dias são curtos, longo foram as duras jornadas em tempo em que  se jogou fora toda a mocidade.   Ah! a minha mocidade!  

A morte do leão e a falta de comoção pela sorte dos outros bichos...

Por Gilvaldo Quinzeiro   A morte do leão Cecil comoveu o mundo! Eu mesmo chorei com as postagens de um vizinho meu sobre o assunto. Mas que “mundo” se comoveu com a morte desse pobre leão das savanas?   Ora, que paradoxo!   Este é o mesmo mundo, que se move sem se comover com a morte de milhões de crianças africanas e que ver crescer o ódio e a discriminação contra os negros em todo o mundo! Aqui mesmo em Caxias, minha cidade, que tão erroneamente comemora o”1º de agosto”, a data da adesão à Independência do Brasil, como se fora a elevação da cidade -   milhares de crianças morreram ainda em trabalho de parto, e a comoção foi mínima! O caçador que matou Cecil, diante da comoção do mundo justificou: “o leão já estava velho”. Ora, matar o leão só por ele ser velho? – que conversa é esta? Que mundo esse!   Eu estou sim no e com o mundo que se comoveu com a morte do leão Cecil. Porém... eu não posso deixar de também de me comover com a vida de outros velhos animais! ...